segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sinais Fracos - prenúncio de fatos ainda pouco explícitos

Ainda estou sob efeito do evento da SCIP e do meu encontro com diversas pessoas muito interessantes, entre eles Ben Gilad (Não esquecendo do Adrian Alvarez, Ken Potter e dos já amigos Fernando Domingues e Edson Ito). Queria comentar uma frase do Gilad, que afirmou que o difícil não é identificar sinais fracos, mas fazer com que os gestores acreditem neles. Realmente, identificar sinais fracos é mais óbvio do que se possa pensar, mas o difícil é fazer com que a empresa esteja atenta a eles e fazer com que os gestores não os deixem passar desapercebidos, ou pior os despreze . E os sinais fracos normalmente prenunciam eventos estratégicos com anos de antecedência. Mas como eles são indícios de mudança, de significado ainda insuficientemente explícito, os gestores tem a tendência a ignorá-los, pensar que não são muito importantes. Pensar no futuro, com um, dois três anos de antecedência, quando preciso fecha a meta de vendas para o trimestre, ou quando as vendas estão a um rítmo de crescimento de 10, 20, 30% ao ano? Não vale à pena, nem dar atenção. Se a empresa desse atenção aos sinais fracos, seria fácil não ser pego de surpresa, com movimentos externos do mercado, da concorrência, mudanças tecnológicas, no comportamento da sociedade, dos clientes. Movimentos estratégicos levam tempo para serem implementados e sinais deles aparecem com bastante antecedência. Mas é preciso ficar constantemente atento, ter um processo adequado que traga e trate estes sinais.

domingo, 25 de outubro de 2009

Sinais Fracos - Ben Gilad - Evento Scip

O evento da SCIP que ocorreu esta semana foi realmente muito bom, com palestras e palestrantes bastante interessantes. Vejam o blog http://inteligenciacompetitivaenar.blogspot.com/ para outros detalhes. Uma palestra particularmente movimentada foi a do Ben Gilad, que falou de sinais fracos (sinais antecipativos, sinais de alerta precoce) e o papel estratégico da inteligência competitiva. Alguns pontos:

- Inteligência Competitiva e Estratégia andam juntos. O Lesca fez afirmação análoga em seu livro já em 1986: A inteligência competitiva está para a estratégia assim como o radar está para o navio.

- O que é realmente relevante e estratégico em um processo de inteligência são os sistemas de tratamento de sinais fracos (early warning systems)

- A maioria das "surpresas" do ambiente competivo estão cheias de sinais fracos

- O que a empresa deve fazer?
- Garantir que esteja olhando para as coisas certas
- Grantir que sinais fracos, antecipados não sejam perdidos
- Ter um processo através do qual todos os sinais fracos são processados

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sinais antecipativos - porque muitas vezes são desprezados?

Esses dias o lucro trimestral do Goldman Sachs Group mais que triplicou, enquanto que outros bancos ainda sofrem para sair da crise. Esta foi uma das instituições que soube interpretar e agir antecipativamente sobre os sinais da crise que atingiu o mundo em outubro do ano passado. Sinais não tão fracos. Warren Buffet falava de ativos tóxicos, o Goldman Sachs seguia no sentido inverso à maioria do mercado que acreditava nos ativos ligados ao mercado imobiliário. Por que algumas empresas antecipam os movimentos do mercado e outras não, apesar de sinais muitas vezes claros que surgem? Vários fatores, dentre eles:

- Falta de um processo estruturado de captação e interpretação de sinais do ambiente. O que leva não só a falta de informação, mas muitas vezes a excesso de dados. O que priorizar? frase típica: sabiamos que isso ia acontecer, mas não fizemos nada para evitar.

- Falta de atenção e análise dos sinais fracos (Lesca 2003), falta de visão periférica (Day e Shoemaker 2007). Exemplo típico: um concorrente lança um novo produto e surpreende a empresa.

- Excesso de confiança na situação e posição da empresa, desprezando os movimentos do mercado, ou mesmo excessivamente presos aos paradigmas e modelos atuais, simplesmente não conseguindo enxergar movimentos que não condizem com suas crenças e modelos de referência. Falta de comunicação entre as pessoas, levando à obtenção e análise de informações. A informação morre antes que chegue ao tomador de decisão. Exemplo típico: Uma nova tecnologia surge e devasta o mercado onde a empresa atuava. Mas a empresa estava excessivamente presa à sua maneira de ver o mundo, de produzir de atuar no mercado. Um exemplo para pensar: A mídia não se cansa de dizer que as taxas de juros são excessivas e que não fazem sentido. A quanto tempo? Mas por quanto tempo ainda? O que será das empresas que hoje vivem destas taxas? Estão preparadas para sobreviver em um novo cenário?

- Resistência a mudança. É tão mais cômodo manter as coisas como estão, do que admitir que há sinais de mudança. Estes dentre outros fatores organizacionais, ligados a cultura e comportamentos que impedem que as informações fluam, ou que se de atenção a elas. Vários exemplos: IBM, Kodak, e outras que não aceitaram o que parecia óbvio para outras. Que o modelo de negócio ou a tecnologia na qual se apoiavam tendia a obsolescência.

- Desprezo da capacidade coletiva de análise do ambiente. As pessoas da organização tem dificuldade encontrar momentos para compartilhar suas percepções a respeito dos movimentos no ambiente. Este é um ponto a aprender em muitas empresas: o conhecimento coletivo é muitas vezes superior ao individual, de um especialista (Surowiecki 2007). Redes sociais, ou mesmo sites de investimento que usam a sabedoria coletiva para saber onde investir.

Um ponto básico é que para entender sinais fracos, é necessário se debruçar sobre eles, exige reflexão, criatividade, assumir riscos, intuição, percepção e vontade.
Um sinal, que tem estado presente. O dólar tem caído como nunca. Chegou a 1,7 hoje. Fala-se em uma cesta de moedas para substituir o dólar. O que isto significa para a sua empresa? Que moedas seriam estas? Quanto tempo isto vai levar para acontecer? Como agir proativamente.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Telecom Italia espionou várias teles no Brasil

Esta notícia pode ser consultada no site a seguir: http://www.jusbrasil.com.br/noticias/1919480/telecom-italia-espionou-varias-teles-no-brasil-diz-jornal

Apesar dos profissionais que atuam na área de inteligência pregarem a ética na obtenção de informação (ex. código de ética da SCIP), as empresas estão muitas vezes expostas a ações de espionagem, principalmente em setores altamente competitivos como é o caso do setor de telecomunicações. O que se pode dizer é que as empresas devem estar capacitadas a se proteger de ações deste tipo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Kraft Foods tenta comprar Cadbury - Beatles remasterizado - Le Monde 8 de Setembro

Passo na banca de jornal, praça da Bastilha, Paris. Compro o Le Monde. São 14.30 da tarde, hora de Paris. Atravesso a rua e sento na cafeteria em frente. Peço um café e começo a ler meu jornal. Primeira notícia, lançamento mundial na quarta feira, da coleção remasterizada dos Beatles. Imperdível. Viro as páginas e começo a ler. A americana Kraft Foods tenta arrematar a inglesa Cadbury por 10,2 milhões em 7 de setembro, ontem, mas a oferta foi rejeitada pelo conselho de administração. Diz o jornal de 8 de setembro, terça feira. Nossa, que notícia. Penso eu. Mas dia 7 de setembro foi ontem? Olho a data do jornal; 8 de setembro. Em que dia estou a final? Cheguei em Paris domingo, dia 6. Mas não foi ontem? Confusão. Será que eu confundi o dia de minha partida? Não, não é possível. Ansioso, pego o ticket fiscal sobre a mesa para conferir. Percorro de cima a baixo e finalmente verifico: Segunda, 7 de setembro. Ufa, não estou louco.

Às 14.30 da tarde, segunda feira, dia 7 de setembro, 9.30 em São Paulo, já leio as notícias do dia 8 de setembro em Paris, e dia 7 já é passado. Artimanhas de um mundo global, rápido que faz com que as duas e meia da tarde, já se compre o jornal do dia seguinte com as notícias de hoje! E no papel, não na Internet. Na internet, confiro no site de um dos grandes jornais do Brasil, e a notícia já está publicada, a 21 minutos atrás.

Bom, a notícia completa já está nas páginas da Internet. O que espanta é a velocidade. Fala-se disto toda hora, mas quando se vive isto, é impressionante. Fica-se perdido. Imagino esta notícia saindo no jornal por exemplo em Auckland, Nova Zelandia. Lá, 15 horas na frente de São Paulo, o dia 8 começa bem antes. Então provavelmente se lê a notícia no jornal do dia 9 de setembro a respeito do que aconteceu no dia 7 entre a Cadbury e a Kraft. É isso mesmo. 15 horas na frente de São Paulo. Confira se não acreditar.

Será que vou conseguir comprar antes a coleção dos Beatles aqui em Paris? E o pior, no Le Monde já se critica o atraso do lançamento. "Em CD, uma midea em crise. Deveria ter sido lançada em Blu-Ray (como Neil Young em seu catálogo recente) ou em plataforma legal para download. Segundo algumas fontes, a operação "Digital Beatles" estaria prevista para daqui a alguns meses" (Le Monde 8 de setembro de 2009, p.22)

sábado, 29 de agosto de 2009

Importância da Inteligência Estratégica, papel do Estado e formação profissional - Chat com Alain Juillet

Alain Juillet, até há alguns meses atrás “Alto Responsável pela Inteligência Econômica do Governo Frances”, participou de um chat a respeito do tema. Transcrevo abaixo algumas de suas observações. Vale dizer que o termo inteligência econômica é aqui utilizado como equivalente a inteligência estratégica, por vezes entendido também como inteligência competitiva. Alain Juillet aborda aspectos e visões importantes do papel da Inteligência Estratégica para o Estado, para as empresas e para o cidadão. Entende que é uma atividade fundamental e em grande desenvolvimento. Alain Juillet abordou em particular o tema formação de profissionais na área de Inteligência. Um número cada vez maior de empresas e seus responsáveis de RH tem se preocupado com a atividade. Destaca que é uma atividade vasta e que é possível identificar nada menos que 12 tipos diferentes de especialização em IE. (Vale aqui abrir um parênteses: algumas organizações e instituições de ensino, pouco informadas a respeito da área, têm dificuldade em perceber a diversidade do tema vêem de maneira pequena o conceito de Inteligência como sendo uma estreita atividade ligada ao monitoramento de mercado, vendo apenas a atividade de monitoramento da concorrência ou algo próximo disto).

Alain Juillet discute sobre formação na área e destaca que o número de especialistas em IE na França é reduzido. Vale dizer o mesmo sobre o Brasil.

Finalizo este texto, citando alguns trechos do relatório oficial do deputado Bernard Carayon, que se preocupa em definir a atividade de Inteligência Estratégica como uma preocupação de Estado. É interessante ler como ele define Inteligência Econômica, seus princípios e seu papel para a economia.

Conversa realizada por chat com Alain Juillet em fevereiro de 2009, (Blog Les Echos).

JeanChristophe : Bom dia Sr. ALAIN JUILLET, durante uma conversa com um executivo da diretoria de RH de um grande grupo frances, posicionado no mercado parisiense, eu o ouvi dizer: “a inteligência econômica não conheço, não faz parte de nossas preocupações”. Como o senhor pensa que pessoas efetuando formações em inteligência econômica e querendo trabalhar em grandes grupos franceses a fim de salvaguardar um patrimônio econômico razoavelmente frágil e abordado por grupos estrangeiros, possam estar motivados a trabalhar neste ramo de atividade, uma vez que outras atividades são mais demandadas?

Alain Juillet : Cada vez mais, responsáveis de RH conhecem o conceito de inteligência econômica, mas ainda há bastante trabalho de sensibilização a fazer. Ainda não é a preocupação de certos grupos, mas já é a preocupação de todos os escritórios de advocacia comercial americanos. Felizmente, muitos grupos de empresas francesas tem esta preocupação.

bob : Na sua opinião, algo mudou de maneira significativa em termos de IE na França depois de 2004? O senhor considera ter recursos necessários para sua atividade? O senhor é capaz de fornecer um exemplo de sucesso obtido recentemente graças ao processo de IE na França? (“aqui faz-se referência a um relatório oficial enviado ao Primeiro Ministro Francês pelo deputado Bernard Carayon. Abaixo resumo as idéias deste relatório).

Alain Juillet : Sim, o fato de introduzir políticas públicas de inteligência econômica (relatório “Bernard Carayon”), fez com que esta atividade ficasse conhecida de muitos dos nossos cidadãos e permitiu o desenvolvimento e utilização das técnicas por um bom número de empresas. Os franceses sabem mais e mais a que estas técnicas dizem respeito. Nossa satisfação vem quando pequenas empresas nos agradecem por termos lhes ajudado a se desenvolver. Exemplos de sucesso vão desde as rendas de Calais ao decreto sobre investimentos estrangeiros que nos fornecem meios negociar.

Pierre-Olivier Dybman : Sou atualmente estudante da Ecole Centrale d'Electronique e gostaria de me especializa em IE, mas surgem muitos obstáculos. Qual formação seguir? Entre a Escola de Guerra Econômica, as faculdades ou um diploma de engenheiro et desenvolver a carreira em direção a IE. O que o senhor faria no meu lugar?

Alain Juillet : IE é uma atividade nova na França. Não é um fenômeno de moda pois a atividade funciona muito bem em outros lugares. O problema é que nós estamos em fase de desenvolvimento do conceito. A não ser as grandes empresas, não o utilizam realmente. O número de especialistas é ainda reduzido, mesmo aumentado a cada ano. Por outro lado existe uma verdadeira demanda por alunos formados em outras áreas que são complementadas por uma formação em IE. É preciso também saber que a mais de 12 especializações identificadas em IE. As escolas adicionam a uma formação geral um complemento específico para se diferenciar. É preciso então escolher sua escola em função de sua especialização.


Relatório Inteligência Econômica, competitividade e coesão social, relatório ao Primeiro Ministro do deputado Bernard Carayon (La Documentation Française, Paris, janvier 2003)

Destaca a atividade de Inteligência Econômica como sendo “uma política pública de competitividade, de segurança econômica, de influência junto a organizações internacionais e de formação. Ela procede por um quadro de leitura original da mundialização que leva em conta o cotidiano, a vida dos mercados, o conjunto de suas regras, os jogos de poder e de influência". A inteligência econômica é uma “política pública de identificação de setores e tecnologias estratégicas, de organização da convergência de interesses entre a esfera pública e a esfera privada”, segundo o deputado. É uma atividade definida por um conteúdo e por um campo de aplicação. O conteúdo visa a segurança econômica. Deve definir atividades que devem ser protegidas e os meios que se deve colocar para este fim. Ela determina como acompanhar as empresas no mercado mundial, como se apoiar sobre as organizações internacionais onde são hoje elaboradas as regras jurídicas e as normas profissionais que se impõem aos Estados, às empresas e aos cidadãos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

R2IE Revue Internationale d'Intelligence Economique

Foi lançada uma revista francesa acadêmica sobre inteligência. Parece que vale à pena, para quem lê frances. http://r2ie.fr.nf/parutions.html

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Inteligencia Coletiva - Pessoas e o sucesso do processo de Inteligência

Um tema rico e complexo. A primeira questão que se apresenta é como a Internet vai enriquecer o processo de inteligência coletiva. É o que chama a atenção de Pierre Levy, filosofo preocupado com o assunto e que fez algumas conferencias no Brasil estes dias. Segundo ele, "inteligência coletiva é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva de competências". É um misto de conhecimento tácito, comunicação entre indivíduos, resulta em ações ("mobilização efetiva de competências"), que é o que interessa às organizações. Agir a partir de seus objetivos estabelecidos. Pode significar outras coisas em outros contextos, mas não é o que mais interessa à organização. Pierre Levy interessa-se ao assunto muito mais do ponto de vista social, de comportamento e consequências sociais.

Às empresas interessa o assunto do ponto de vista de aproveitamento do conhecimento e da inteligência coletiva para obtenção de resultados efetivos para o negócio. Segundo o próprio Levy, a Internet ou a tecnologia de informação atual ainda está longe de gerar as consequências importantes do ponto de vista de expansão do potencial que tem para a evolução da inteligência coletiva. Em grande medida em razão da barreira do idioma, atesta. No âmbito global, as pessoas ainda não se comunicam naturalmente umas com as outras em razão da dificuldade com as linguas estrangeiras. Não é suficiente pensar que o inglês resolve o problema de comunicação entre as pessoas. O que se coloca na internet está em diversas e diferentes linguas. E os tradutores ainda não são verdadeiramente eficientes. E as pessoas nem sempre estão à vontade com o inglês. Ainda que se esforcem.

Mas penso em como ocorre o processo de inteligência coletiva em uma organização, deixando-se de lado barreiras linguisticas, e supondo-se que conseguiram adotar um idioma comum. A inteligência coletiva se constroi a partir da comunicação e troca entre os integrantes da organização e o desafio é fazer como as novas tecnologias possam contribuir com o enriquecimento e eficácia da inteligência coletiva. Sejamos claros. Como as empresas usam (ou poderiam usar) certas tecnologias como ferramentas wiki ou outras para trocar conhecimento e gerar inteligência coletiva? Tive uma pequena experiência, quando usei no curso de Doutorado que ministro na FEA - Administração da Informação e Inteligência da Empresa em sua quarta versão. Os alunos deveriam produzir papers acadêmicos sobre o assunto inteligência. Solicitei que a elaboração dos papers fosse feita usando-se uma ferramenta wiki (www.pbwiki,com), onde todos pudessem ver a evolução dos trabalhos dos diferentes grupos, fazer sugestões e aprender uns com os outros. Resultado: Dentre os aproximadamente 10 artigos gerados, dois ganharam premio no congresso do SEMEAD em 2008 e foram publicados em revistas (um deles está no site www.advsbrasil.com.br - MONITORAMENTO ESTRATÉGICO ANTECIPATIVO: A GUERRA DE PADRÕES ENTRE O BLU-RAY E O HD-DVD). Minha hipótese é de que o compartilhamento do conhecimento gerou um processo que enriqueceu o conhecimento e a competência de cada um e portanto melhores resultados. Sucesso absoluto? Não. Busquei fazer a mesma experiência com alunos da pós em Inteligência Estratégica que coordeno (veja programa no site www.fipe.org.br). Resultado: Os alunos não se dispuseram a compartilhar seu conhecimento, seus trabalhos. Mais competitivos, longe dos objetivos mais acadêmicos de compartilhamento do conhecimento, que foi o caso dos alunos de doutorado? Possível. O que indica mais uma vez que a ferramenta pode estar disponível. Mas o uso dela, de maneira eficaz, depende de outros aspectos que vão além da ferramenta. Outra vez pessoas é o fator crítico para o sucesso de um processo de inteligência. Como efetivamente levar as pessoas à participação na contrução da inteligência coletiva em uma organização ? Algumas idéias estão tambem no artigo (ALMEIDA, F. C. (2009) - People: a Critical Success Factor in the Brazilian CI Process. Competitive Intelligence Magazine, may. - jun., pp.13-19.) que está também no site www.advsbrasil.com.br.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Inteligência Competitiva ou de Mercado. É a mesma coisa?

Alguém me perguntou se há diferença entre os termos Inteligência Competitiva e Inteligência de Mercado. A verdade é que surgiu uma série de termos associados à palavra inteligência e associados a certos tipos de atividades nas empresas. Os termos são muitos: Inteligência Competitiva, Inteligência de Mercado, Inteligência Econômica, Inteligência de Negócios (também se usam o termo em inglês, Business Intelligence, Inteligência Estratégica ou Monitoramento Estratégico.

Não se pode dizer se é a mesma coisa ou são coisas diferentes, de antemão, pois o que se nota é que as empresas prestadoras de serviços, adotam um ou outro nome, visando destacar seus serviços. Sendo assim, duas empresas diferentes podem usar o mesmo termo, mas com significados diferentes. O que passa a importar então, é como é definido o termo por quem o está usando, o que está por trás dos nomes. Ou seja, se uma empresa ou curso, disser que oference serviços ou treinamentos em Inteligência Competitiva, é preciso perguntar: “E o que vocês entendem por inteligência competitiva?” “Qual a abrangência do conceito que usam?” Alguns estarão mais focados no que Michael Porter chama de Inteligência do Competidor, olhando para o posicionamento da concorrência, clientes, fornecedores, enfim, as 5 forças de Porter. Outros vão mais além, buscando entender o ambiente competitivo de maneira mais abrangente. É o caso da abordagem que se vê muitas vezes chamada de Inteligência Estratégica, que busca entender não só o mercado, mas ir olhar de maneira mais ampla o ambiente competitivo. Leva em conta que este vai além do mercado, da concorrência, e do posicionamento atual. Mas como são termos genéricos, não importa o nome que se dê, tem que entender o que está por trás do nome que se está usando. De maneira geral, tem-se percebido cada vez mais que não é suficiente, como tenho destacado muitas vezes, ter a visão do tipo Porter e olhar somente o posicionamento atual da empresa que se está observando, e estar restrito ao mercado. É preciso ter uma visão mais ampla. Então independente de como se chame o serviço prestado ou o curso oferecido (Inteligência XXXX), cada vez mais tem-se falado em cenários prospectivos, visão de futuro, tendências e antecipação, não importa o termo que se use. No entanto, um aspecto que é alcança razoável consenso na área, é que os processos de inteligência, são processos que monitoram e apoiam a tomada de decisão a partir de informações que vem de fora da empresa, para dentro. Diferem-se dos processos que tratam informações que são geradas pela empresa e usadas por ela mesma ou das informações que são geradas pela empresa e enviadas para fora (ver artigo LESCA, H.; ALMEIDA, F. C. (1994) - Administração Estratégica da Informação. em http://www.vsbrasil.com.br/publicacoes.htm). O único termo que frequentemente tem sido usado para definir um processo distinto, é o termo Business Intelligence, que na verdade está mais preocupado, segundo a definição mais frequente, com modelagens de dados, estruturação de bases de dados, data mining, etc. (sugiro ver o programa no site http://www.fia.com.br/portalfia/Default.aspx?idPagina=7114, cujo tema Inteligência de Negócios é abordado pelo Prof. Sérgio Assis da FEA/USP).

Finalmente, eu diria que a discussão sobre os processos de inteligência é muito vasta e rica e não importa o nome que se use, ainda que seja o mesmo, diferentes aspectos interessantes podem estar por trás do termo e do que ele representa para quem o está usando. Nas postagens que fiz em 16 de fevereiro, extendo mais a discussão sobre Monitoramento Estratégico e Inteligência Econômica.

Fernando de Almeida

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Curso de Pós em Inteligência Competitiva na Fipe - MBA

O MBA Inteligência Estratégica, Competitiva e Econômica da Fipe (www.fipe.org.br), tem o objetivo de discutir e ensinar as práticas de inteligência pelas empresas. A proposta é criar a partir deste curso, um Forum de discussão sobre esta prática. Porque Estratégica, Competitiva e Econômica? Um processo de inteligência deve ser um processo amplo que explora aspectos de Mercado, tema abordado no curso. Deve observar concorrentes, clientes, fornecedores. Mas deve ir além do mercado, estar atento também a outros movimentos do ambiente competitivo. É um processo que tem orientação estratégica, de curso e longo prazo. É um processo que deve estar atento a movimentos que vão além dos agentes do mercado onde a empresa atua, buscando entender outros mercados que possam impactar na atividade da empresa, buscando antecipar novos entrantes, novas tecnologias. Mas deve ter também uma preocupação com o ambiente econômico, estar atento a movimentos da economia, movimentos políticos, nacionais e internacionais. Por exemplo, uma empresa que produz cervejas, deve estar atenta a mudanças na legislação que possam impactar seu negócio. Uma empresa que produz equipamentos para energia elétrica, como por exemplo turbinas de hidro-elétricas, deve estar atenta a decisões do governo que possam ser favoráveis à produção de energia a partir de hidro-elétricas.

O curso não tem enfase em aspectos econômicos, de mercado, ou estratégico. Aborda todos esses aspectos, tal como deve abordar uma empresa preocupada em desenvolver atividades de inteligência. Veja o progama do curso no site: http://www.fipe.org.br/web/index.asp?c=2&crs=97&aspx=/web/cursos/turma.aspx

Faça comentários sobre o curso aqui no Blog. Gostaria de lê-los.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pessoas - um fator crítico de sucesso para o processo de IC

Publiquei no último número um artigo na Competitive Intelligence Magazine da SCIP falando sobre os 5 fatores críticos de sucesso da introdução de um processo de inteligência. Está no site da ADVS Brasil (www.vsbrasil.com.br).

Habilidade e vontgade de compartilhar informação
Abertura para o Ambiente
Abertura de Espírito
Participação da alta Administração
Estrutura e Criatividade

Vejam o que acham.

Dias 21 e 22 de outubro a SCIP com o IBC vao realizar o congresso da SCIP no Brasil. Vou apresentar estas idéias lá. (www.scip.org)

segunda-feira, 9 de março de 2009

20 maneiras para um processo de Inteligência Competitiva mais eficaz nos tempos de crise - para garantir sua função

1. Não só coletar dados e gerar relatórios, mas saber como analisar informações (inteligência);
2. Antecipar oportunidades e ameaças e não gerar relatórios sobre fatos consumados;
3. Não ser um mero organizador de informações para os gestores, mas ser o promotor do debate.
4. Discutir ativamente sobre movimentos da concorrência e dos outros players do mercado. Valorize seu papel na empresa;
5. Entender que inteligência é um processo que exige estrutura e criatividade. Use técnicas de criatividade;
6. O concorrente não pretende divulgar suas ações antecipadamente, mas elas podem ser percebidas nas entrelinhas; Criatividade de novo;
7. Análise de informações e inteligência é um quebra-cabeças, onde cada informação é uma nova peça. É preciso juntar as peças; Seja criativo;
8. Promover reuniões e discussão dentro da empresa;
9. Fazer o MBA em Inteligência Estratégica, Competiva e Econômica da FIPE
10. Inteligência Competitiva é um processo Coletivo;
11. Criar um processo de inteligência coletiva, onde todos (TODOS) participam coletando e interpretando o que acontece no ambiente competitivo;
12. Ajudar a empresa a identificar e antecipar demandas dos clientes;
13. Ajudar a empresa a identificar e antecipar movimentos da concorrência;
14. Ser antecipativo;
15. Olhar à frente;
16. Ser pró-ativo;
17. Não transformar o processo de inteligência em um espelho retrovisor, mostrando aos seus diretores o que aconteceu, mas o que vai acontecer!
18. Criar processos de inteligência na empresa e não relatórios de divulgação de informação.
19. Entender que a inteligência está nas pessoas e na cabeça delas e não no papel que se gera.
20. Fazer o MBA em Inteligência Estratégica, Competiva e Econômica da FIPE para ver como por tudo isto em prática.

Inteligência Competitiva:

. Um processo Coletivo (para a informação fluir)
. Exige Estrutura (para a informação fluir e não se perder)
. Exige Criatividade (para transformar informação em inteligência antecipativa)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Monitoramento Estratégico Competitivo

Quando estamos falando de Monitoramento Estratégico Competitivo estamos falando de um processo de Inteligência Estratégica, de Inteligência competitiva. As áreas a serem aplicadas, são as áreas que tem relações com o ambiente competitivo, preocupadas em entender e antecipar movimentos de players que impactam a atividade da empresa. Áreas relacionadas a clientes, a concorrentes, fornecedores, estratégia, governo, economia, jurídico, inovação, produto. Qualquer área da empresa, não é? Todas sofrem influência do ambiente externo e devem estar atentas a ele.

É abrangente, por um lado. Por outro lado deve se preocupar principalmente em antecipar movimentos e não ficar olhando o que aconteceu. Olhar para a frente.

Qualquer setor econômico que sofre com movimentações do ambiente, deveria ter um processo de monitoramento estratégico, de inteligência para não ser surpreendido.

Muitas vezes tem-se muito tempo antes que surja o impacto de um determinado movimento no ambiente, outras vezes não se tem muito. Quanto mais tempo se tem, mais fracos são os sinais de mudança e mais difícil captá-los e tratá-los. Por outro lado se tem mais tempo agir. Um concorrente pode estar se preparando há dois anos para entrar no mercado e já dar sinais disto. Uma tecnologia pode levar 50 anos para gerar impacto no mercado. O primeiro relógio a quartzo foi criado na década de 30. Somente na década de 70 se tornaram comerciais e quase destruíram o setor suíço de relógios pois desprezaram a nova tecnologia. Um dos grandes desafios do corpo decisório de uma organização é de que maneira levar em conta a importância dos sinais captados e como agir em tempo, de maneira antecipativa. Reagir depois que um concorrente já entrou, depois que já perdeu um cliente ou depois que a tecnologia está no mercado, é correr atrás do fato consumado. Pode ser tarde demais.

Inteligência Econômica na França

Estive na semana passada com o Sr. Alain Juillet, alto responsável de inteligência econômica do governo francês.

Acho que temos muito que aprender com a política francesa de inteligência econômica. Eles tem uma preocupação de atividade de inteligência voltada a ajudar as empresas nacionais a explorar o mercado internacional, tendo um processo de inteligência que ajude as empresas a penetrar em novos mercados, ou mesmo expandir nos mercados existentes. Quem está buscando fazer isto aqui no Brasil, no âmbito do governo? Talvez a APEX faça algo neste sentido.

O que é interessante também é que a maneira como os franceses veem a atividade de inteligência é adequada a este tipo de apoio. É uma abordagem mais abrangente que vai além da visão dos norte americanos de inteligência, que normalmente é muito mais centrada no acompanhamento de concorrentes.

Temos o que aprender com eles. Neste sentido, estou programando para o ano que vem levar meus alunos do curso de Monitoramento Estratégico Competitivo da FIA, para uma ida a Paris antes das aulas na cidade de Grenoble, para palestras com pessoas da área no governo e da câmara de comércio.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Informações de fontes secundárias

No último número da revista da SCIP, Ben Gillad fala sobre o foco excessivo dos processos de inteligência em informações secundárias nos EUA e que se tem desprezado as importantes fontes de informações que são as fontes informais. Aquelas que se obtem quando se vai a um evento, a uma reunião com clientes e outros eventos. Em Grenoble, Humbert Lesca (www.advsbrasil.com.br) demonstra preocupação análoga, atestando que as células de inteligência estão com uma expectativa irreal de obtenção de sinais antecipativos de maneira automática a partir de ferramentas de busca na internet. As informações geradas por aqueles que estão a campo são potencialmente muito mais ricas em termos de sinais de alerta antecipativo. Até onde sabemos, as ferramentas de tecnologia de informação ainda não são capazes de identificar sinais fracos de maneira precisa e muito menos estabelecer correlações entre informações. O que elas fazem é trazer quantidades e quantidades de informação pouco selecionadas gerando grande trabalho para quem as capta. Ou mais provavelmente sendo em grande parte desprezadas por quem as capta, em função da grande quantidade.

Portanto, é importante estar atento aos processos de monitoramento e inteligência estratégica para que se leve em fontes informais. Não se deve esquecer tampouco que mesmo em se tratando de informações de fontes primárias, existem informações quantitativas e informações qualitativas, estas últimas muitas vezes mais ricas em conteúdo antecipativo do que apenas  números mostrando tendências.