SCIP Brasil discute prospecção estratégica e se prepara para evento internacional.
A SCIP Brasil, capítulo da SCIP Internacional (Strategic and Competitive Intelligence Professionals), com apoio da ADVS Brasil, realizou na sede da FIPE, em São Paulo, o 2º Encontro SCIP Brasil 2011. Com o tema “Cenários Prospectivos em Tempos de Incertezas”, o objetivo foi discutir os conceitos e aplicações práticas dos cenários na atual conjuntura econômica, em que boa parte das empresas enfrentam dúvidas sobre os melhores investimentos a médio e longo prazo.
O Encontro serviu também como aquecimento para o 3º
SCIP Latin America Competitive Intelligence Summit, evento a ser
realizado em outubro pela SCIP e que discutirá a Inteligência
Competitiva e estratégica nos países emergentes, que ainda engatinham na
aplicação desses conceitos. Palestraram no evento o principal do
escritório brasileiro da Strategos, Denis Balaguer, e o especialista em
planejamento estratégico e financeiro Fernando Cortezi.
Balaguer, que possui uma longa experiência em
aplicação de cenários na Embraer, estatal brasileira de aviação, focou
sua palestra nos conceitos de prospecção e no desenvolvimento de
cenários. Segundo ele, o homem sempre teve a necessidade de antecipar os
acontecimentos futuros e, de alguma forma, prever o futuro. No entanto,
“as coisas costumam dar errado”.
O problema para as empresas, ainda mais em tempos
de crise internacional, é saber o que fazer e como investir. Para isso,
explica Balaguer, é preciso conhecer quem será o consumidor do futuro,
além dos requisitos do mercado, as tecnologias que estarão disponíveis,
as condições econômicas e o panorama social e político. “Quanto mais
longe e mais distante no tempo, mais difícil fazer uma previsão
acurada”, diz.
Segundo o executivo, levando em conta tantas
variáveis é necessário ao responsável pela prospecção de cenários
assumir que, qualquer que seja sua previsão, ela pode estar errada. “O
critério de sucesso do nosso trabalho não é o acerto, mas sim o conforto
do gestor na hora de tomar suas decisões”, explica. Assim, os cenários
prospectivos partem da ideia de prever o futuro a partir de
possibilidades.
O principal da Strategos Brasil também deu dicas
para a formulação de cenários pelos profissionais de Inteligência.
“Descubra o que é sucesso para seu decisor, para saber o que ele espera
de você, comunique-se com ele de forma clara e desenvolva ao menos
quatro cenários simples, pois esse número força uma decisão. Além disso,
nunca elimine eventos extremos dos seus cenários, pois eles acontecem, e
quando acontecerem é melhor que sua empresa esteja preparada.” Balaguer
também ressaltou a importância de gerir as expectativas dos gestores
por resultados e não desistir do trabalho, apesar das críticas. “Essas
coisas demoram, não adianta esperar mágicas”, aconselha.
Fernando Cortezi falou, durante o Encontro, do uso
de cenários prospectivos na Shell, empresa petrolífera multinacional na
qual trabalhou na área de Inteligência. Segundo o especialista, assim
como ocorreu na gigante de óleo e gás, é melhor começar a utilização de
cenários para áreas específicas, como o setor de tecnologia, por
exemplo.
O melhor momento para começar a usar cenários, diz
Cortezi, é quando a demanda parte do topo da organização. “Dificilmente
se consegue fazer uso realmente efetivo dos cenários quando a iniciativa
parte de baixo para cima”, diz. Mesmo porque, explica ele, é necessário
que haja um grande patrocinador da iniciativa na empresa, além de um
networking interno e externo poderoso, para a coleta de informações
importantes na hora da formulação dos cenários. “O papel da prospectiva
não é acertar, mas embasar as decisões. Para isso, é necessário entender
o problema e ter os dados necessários”, finalizou