Um tema rico e complexo. A primeira questão que se apresenta é como a Internet vai enriquecer o processo de inteligência coletiva. É o que chama a atenção de Pierre Levy, filosofo preocupado com o assunto e que fez algumas conferencias no Brasil estes dias. Segundo ele, "inteligência coletiva é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva de competências". É um misto de conhecimento tácito, comunicação entre indivíduos, resulta em ações ("mobilização efetiva de competências"), que é o que interessa às organizações. Agir a partir de seus objetivos estabelecidos. Pode significar outras coisas em outros contextos, mas não é o que mais interessa à organização. Pierre Levy interessa-se ao assunto muito mais do ponto de vista social, de comportamento e consequências sociais.
Às empresas interessa o assunto do ponto de vista de aproveitamento do conhecimento e da inteligência coletiva para obtenção de resultados efetivos para o negócio. Segundo o próprio Levy, a Internet ou a tecnologia de informação atual ainda está longe de gerar as consequências importantes do ponto de vista de expansão do potencial que tem para a evolução da inteligência coletiva. Em grande medida em razão da barreira do idioma, atesta. No âmbito global, as pessoas ainda não se comunicam naturalmente umas com as outras em razão da dificuldade com as linguas estrangeiras. Não é suficiente pensar que o inglês resolve o problema de comunicação entre as pessoas. O que se coloca na internet está em diversas e diferentes linguas. E os tradutores ainda não são verdadeiramente eficientes. E as pessoas nem sempre estão à vontade com o inglês. Ainda que se esforcem.
Mas penso em como ocorre o processo de inteligência coletiva em uma organização, deixando-se de lado barreiras linguisticas, e supondo-se que conseguiram adotar um idioma comum. A inteligência coletiva se constroi a partir da comunicação e troca entre os integrantes da organização e o desafio é fazer como as novas tecnologias possam contribuir com o enriquecimento e eficácia da inteligência coletiva. Sejamos claros. Como as empresas usam (ou poderiam usar) certas tecnologias como ferramentas wiki ou outras para trocar conhecimento e gerar inteligência coletiva? Tive uma pequena experiência, quando usei no curso de Doutorado que ministro na FEA - Administração da Informação e Inteligência da Empresa em sua quarta versão. Os alunos deveriam produzir papers acadêmicos sobre o assunto inteligência. Solicitei que a elaboração dos papers fosse feita usando-se uma ferramenta wiki (www.pbwiki,com), onde todos pudessem ver a evolução dos trabalhos dos diferentes grupos, fazer sugestões e aprender uns com os outros. Resultado: Dentre os aproximadamente 10 artigos gerados, dois ganharam premio no congresso do SEMEAD em 2008 e foram publicados em revistas (um deles está no site www.advsbrasil.com.br - MONITORAMENTO ESTRATÉGICO ANTECIPATIVO: A GUERRA DE PADRÕES ENTRE O BLU-RAY E O HD-DVD). Minha hipótese é de que o compartilhamento do conhecimento gerou um processo que enriqueceu o conhecimento e a competência de cada um e portanto melhores resultados. Sucesso absoluto? Não. Busquei fazer a mesma experiência com alunos da pós em Inteligência Estratégica que coordeno (veja programa no site www.fipe.org.br). Resultado: Os alunos não se dispuseram a compartilhar seu conhecimento, seus trabalhos. Mais competitivos, longe dos objetivos mais acadêmicos de compartilhamento do conhecimento, que foi o caso dos alunos de doutorado? Possível. O que indica mais uma vez que a ferramenta pode estar disponível. Mas o uso dela, de maneira eficaz, depende de outros aspectos que vão além da ferramenta. Outra vez pessoas é o fator crítico para o sucesso de um processo de inteligência. Como efetivamente levar as pessoas à participação na contrução da inteligência coletiva em uma organização ? Algumas idéias estão tambem no artigo (ALMEIDA, F. C. (2009) - People: a Critical Success Factor in the Brazilian CI Process. Competitive Intelligence Magazine, may. - jun., pp.13-19.) que está também no site www.advsbrasil.com.br.
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