Passo na banca de jornal, praça da Bastilha, Paris. Compro o Le Monde. São 14.30 da tarde, hora de Paris. Atravesso a rua e sento na cafeteria em frente. Peço um café e começo a ler meu jornal. Primeira notícia, lançamento mundial na quarta feira, da coleção remasterizada dos Beatles. Imperdível. Viro as páginas e começo a ler. A americana Kraft Foods tenta arrematar a inglesa Cadbury por 10,2 milhões em 7 de setembro, ontem, mas a oferta foi rejeitada pelo conselho de administração. Diz o jornal de 8 de setembro, terça feira. Nossa, que notícia. Penso eu. Mas dia 7 de setembro foi ontem? Olho a data do jornal; 8 de setembro. Em que dia estou a final? Cheguei em Paris domingo, dia 6. Mas não foi ontem? Confusão. Será que eu confundi o dia de minha partida? Não, não é possível. Ansioso, pego o ticket fiscal sobre a mesa para conferir. Percorro de cima a baixo e finalmente verifico: Segunda, 7 de setembro. Ufa, não estou louco.
Às 14.30 da tarde, segunda feira, dia 7 de setembro, 9.30 em São Paulo, já leio as notícias do dia 8 de setembro em Paris, e dia 7 já é passado. Artimanhas de um mundo global, rápido que faz com que as duas e meia da tarde, já se compre o jornal do dia seguinte com as notícias de hoje! E no papel, não na Internet. Na internet, confiro no site de um dos grandes jornais do Brasil, e a notícia já está publicada, a 21 minutos atrás.
Bom, a notícia completa já está nas páginas da Internet. O que espanta é a velocidade. Fala-se disto toda hora, mas quando se vive isto, é impressionante. Fica-se perdido. Imagino esta notícia saindo no jornal por exemplo em Auckland, Nova Zelandia. Lá, 15 horas na frente de São Paulo, o dia 8 começa bem antes. Então provavelmente se lê a notícia no jornal do dia 9 de setembro a respeito do que aconteceu no dia 7 entre a Cadbury e a Kraft. É isso mesmo. 15 horas na frente de São Paulo. Confira se não acreditar.
Será que vou conseguir comprar antes a coleção dos Beatles aqui em Paris? E o pior, no Le Monde já se critica o atraso do lançamento. "Em CD, uma midea em crise. Deveria ter sido lançada em Blu-Ray (como Neil Young em seu catálogo recente) ou em plataforma legal para download. Segundo algumas fontes, a operação "Digital Beatles" estaria prevista para daqui a alguns meses" (Le Monde 8 de setembro de 2009, p.22)
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